sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O DISCURSO DO MÉTODO ( RENÉ DESCARTES)

René Descartes foi um filósofo, cientistas e matemático francês, conhecido como o Pai da Filosofia Moderna.
Em O Discurso do Método, ele deixa claro que seu propósito não é ensinar o método que cada um deve seguir para bem conduzir sua razão, ele apenas mostra como procurou conduzir sua própria razão, não visava impor uma doutrina, ele declara sua intenção de mostrar sua insatisfação e os caminhos que percorreu para solucionar seus questionamentos.
o que Descartes faz é uma narrativa autobiográfica. Postulava a idéia de que a razão de veria permear todos os domínios da vida humana e que a apreciação racional era parâmetro para todas as coisas, numa atividade libertadora voltada contra qualquer dogmatismo. 


 A narrativa procura demonstrar a história de um indivíduo desejoso de evitar a ilusão. Para isso, eventos são escolhidos e organizados, a experiência pessoal é apresentada e serve de base para apresentar uma possibilidade de vitória sobre a incerteza. Duas técnicas narrativas são utilizadas: a representação e a narração.

A primeira técnica diz respeito a condução do processo narrativo. Descartes nos leva a uma participação da experiência dele; e nos faz acompanhar sua história passo a passo, mostrando suas indagações, receios, fatos significativos, proposições, enfim, sua vida.

A segunda relaciona-se, principalmente, com o próprio fato de que há um reconhecimento do caráter narrativo do texto, uma consciência de que o filósofo é um narrador que relata uma série de eventos a um leitor.

O texto conjuga a narração e o discurso direto, a narrativa e a proposição, a dúvida e a elaboração da verdade e propõe que sempre devemos duvidar de tudo em todos os momentos. Afirmava que era necessário distinguir o verdadeiro do falso sempre.


 A evidência da própria existência o "penso, logo existo" traz uma primeira certeza. A razão seria a única coisa verdadeira da qual se deve partir para alcançar o conhecimento. Diz Descartes "Eu sou uma coisa que pensa, e só do meu pensamento posso ter certeza ou intuição imediata". E Para garantir que a razão não se deixe enganar pela realidade, tomando como evidência o que de fato pode não passar de um erro de pensamento ou ilusão dos sentidos, Descartes formula sua segunda certeza: a existência de Deus. Entre outras provas, usa a idéia de Deus como o ser perfeito. A noção de perfeição não poderia nascer de um ser imperfeito como o homem, mas de outro ser perfeito.


A ciência cartesiana busca de maneira analítica estudar as partes de um todo, ou seja, estudar apenas a parte de um objeto, deixando de lado o todo, isto é dividir, fragmentar. Porem essa ciência cartesiana, não foi a ciência que Descartes procurou desenvolver, Descartes propõe sim a fragmentação, a divisão, a particularidade, mas sempre pensando no todo, num ser completo.
A ciência e os racionalistas de maneira geral perderam essa idéia de totalidade, sempre em buscas de avanços tecnológicos e científicos foram cada vez mais se especializando em algo e esquecendo a totalidade.




quinta-feira, 29 de setembro de 2011

RESENHA DO LIVRO "O TRATO DOS VIVENTES" CAP. 1 "O APRENDIZADO DA COLONIZAÇÃO"

Luis Felipe de Alencastro mostra como se deu a formação do Brasil fora do Brasil. Obviamente que aqui ao falar de "Brasil" estou apenas fazendo referência ao território estudado, pois na época não se tinha essa noção o Brasil era apenas colônia de Portugal.
O autor fala dessa formação a partir da colonização, como resultado do aprendizado dos colonos, afinal a colonização não foi um processo já pronto. não bastava apenas a presença dos colonos num determinado território para garantir e assegurar a exploração econômica e consequentemente o seu desenvolvimento.
É de se entender que a garantia do domínio colonial teria de vir acompanhado do domínio do mercado.
Vamos fazer a seguinte reflexão:
em termos de colonização percebe-se que sempre que um território é "descoberto" por alguma metrópole, a grande preocupação é criar e se apropriar do excedente econômico na região ocupada.
Assim podemos entender também a forma de colonização portuguesa, porém apresentou uma estrutura muito mais complexa. Não foi só chegar, colonizar e pronto.
Toda a estrutura mercantilista foi montada pela coroa portuguesa para se apropriar do excedente colonial do Atlântico Sul. Por que alem do Pau-Brasil, em certo momento da história os colonos resolveram investir no cultivo da cana-de-açúcar, o que ia além do Oceano Atlântico, pois o trabalho com a cana-de-açúcar dependia do tráfico de negros escravizados que vinha da África e o controle desse sistema de tráfico dava a eles grande força no sistema açucareiro na colônia. 
Esse foi o segredo do sucesso, nesse momento o aprendizado da colonização passou a interagir com o aprendizado do mercado.
E  é nesse contexto que o tráfico surge como "alavancagem do Império do Ocidente" este responsável pela modificação de escravidão e escravismo, um sistema que extrapolava operações de compra,transporte e venda de africanos para moldar o conjunto da economia, da demografia, da sociedade e da política da América Portuguesa.
Sendo assim o sistema de exploração colonial seria no Atlântico Sul unificado como se não houvesse interrupção, como eu acredito que não havia mesmo!
Apesar dessa unificação podemos perceber e classificar os dois lados desse sistema: o lado de cá, onde ficava os enclaves da produção, os engenhos de açúcar, as minas de ouro, os rebanhos bovinos, todos fundamentados no trabalho escravo, e o lado de lá, áreas nas quais se produzia e reproduzia a mão-de-obra servil. 

  CAP.  2"AFRICANOS:ESCRAVOS DA GUINÉ"


Neste Alencastro nos leva até África, aos escravos da Guiné, onde se explica as origens, o processo de colonização, o progresso, influência e declínio do trato negreiro, considerando os pontos de partida e destino. A geografia comercial e a ideologia cristã da época corroboram com os argumentos do autor. A África alimenta o trato pelo Atlântico Sul até a América. Os pólos são pensados em conjunto. 
 Ásia e África (‘China e Mina’) foram as duas pontas da economia e da circulação portuguesa, pois eram sinônimos de negócio vantajoso e pouco risco. No início, o tráfico negreiro era feitoapenas em alguns pontos do litoral africano, e os nativos eram capturados através de tocaias armadas pelos corsários:
percebe-se que a pilhagem das aldeias africanas por corsários e piratas europeus não daria conta, por si só, da demanda escravista se avolumando na península Ibérica.

Geografia comercial e história africana favorecem a penetração européia. Rios cursados pelos nativos, e em particular o Senegal, o Cacheu e o Gâmbia, traziam os escambos dos sertões para o litoral. Do rio Senegal se irradiava uma rede de trocas com a bacia do Níger, formando um sistema mercantil de rotas fluviais e terrestres que interligava a Senegâmbia e o golfo de Guiné  Aqui reside uma diferença básica entre a África e a América pré-europeias, várias sociedades subsaarianas conheciam o valor mercantil do escravo.
Portos e feiras de trato contribuem para ampliar o mercado negreiro na zona subsaariana. Mas não encontram similares na América portuguesa, onde jamais surgiram como pólos geradores do tráfico de indígenas.
Brancos e mulatos apelidados lançados ou tangomaus varam rios da Alta Guiné permutando fazendas nativas e estrangeiras. Aventureiros, degredados ou cristãos-novos deportados, os lançados – correndo por fora do monopólio metropolitano – repercutem o impacto europeu para dentro das praias.