O RENASCIMENTO ( ADHEMAR DE MARQUES E NICOLAU SEVCEKO)

Para analisar o período do Renascimento precisamos primeiro entender os conceitos de algumas características que marcaram o momento em questão, vejamos:



Antropocentrismo (o homem no centro): É a valorização do homem como ser racional. Para os renascentistas o homem era visto como a mais bela e perfeita obra da natureza. Tem capacidade criadora e pode explicar os fenômenos à sua volta.
Não se tratava de opor o homem a Deus e medir suas forças. Deus continuou sendo soberano diante do ser humano. Tratava-se na verdade de valorizar as pessoas em si, encontrar nelas as qualidades e as virtudes negadas pelo pensamento católico medieval. Nesse sentido, o “homem tornou-se a medida de todas as coisas”, ou seja. aquilo que servia ao ser humano passou a ser visto como bom, o que não servia, como não bom. Essa idéia de que o homem é a medi¬da de tudo foi criada pelos gregos e, como tudo o que é oriundo daquela cultura, aplicava-se à elite. Na Europa renascentista, a situação era a mesma.


Humanismo: Tem por base o neoplatonismo, que exalta os valores humanos e tenta dar nova dimensão ao homem. O humanismo se expande a partir de 1460, com a fundação de academias, bibliotecas e teatros em Roma, Florença, Nápoles, Paris e Londres. O humanista era o indivíduo que traduzia e estudava os textos antigos, principalmente gregos e romanos. Foi dessa inspiração clássica que nasceu a valorização do ser humano. A escultura e a pintura redescobrem o corpo humano. A arquitetura retoma as linhas clássicas e os palácios substituem os castelos.


Racionalismo: Implica na convicção de que tudo pode ser explicado pela razão do homem, pela ciência, e na recusa em acreditar em algo que não tenha sido provado. Através deste, tentava-se descobrir as leis que governam o mundo pela observação e pela experiência, contrapondo-se o conhecimento baseado na autoridade, na tradição e na inspiração de origem divina, características da cultura medieval. Essa característica do renascimento fez com que o experimentalismo e a ciência se desenvolvessem bastante.


Experimentalismo: Para os renascentistas, tudo poderia ser explicado pela razão e pela ciência e tudo poderia ser provado por experiências científicas.


Individualismo: Não consistia no isolamento do homem, mas refletia a possibilidade que cada um tinha de fazer opções, de manifestar-se sob diversos assuntos, de ser responsável pela condução da própria vida.É também a afirmação do artista como criador individual da obra de arte que se deu no Renascimento. O artista renascentista assinava suas obras, tornando-se famoso.

 Hedonismo: É a valorização dos prazeres sensoriais. Esta visão se opunha à idéia medieval de associar o pecado aos bens e prazeres materiais. Surgido a partir do epicurismo (doutrina da antiguidade grega que identifica o bem com o prazer), o hedonismo representa o prazer como a finalidade da vida (“culto ao prazer”). No Renascimento representa a capacidade do homem produzir o belo; gerar uma obra apenas pelo prazer que ela possa dar, rompendo com o pragmatismo (gerar algo que tenha utilidade ao homem, tenha valor pratico). Posteriormente o hedonismo deu origem à filosofia que tem como principio obter o máximo com o mínimo de esforço.

Inspiração na antiguidade clássica: Os artistas renascentistas procuraram imitar a estética dos antigos gregos e romanos. O próprio termo Renascimento foi cunhado pelos contemporâneos do movimento, que pretendiam estar fazendo renascer aquela cultura, desaparecida durante a “Idade das Trevas” (Idade Média).

Otimismo: Era caracterizado pela crença dos renascentistas no progresso e na capacidade do homem de resolver problemas. Assim, eles apreciavam a beleza do mundo, tentando captá-la em suas obras de arte.


Repúdio ao medievalismo: O Renascimento é marcado pelos avanços científicos, culturais, filosóficos e artísticos. Mas, durante o feudalismo, o que ocorria era exatamente o contrario, esses “valores” que tanto evoluíram durante o Renascimento, praticamente foram esquecidos pela sociedade, os valores clássicos das primeiras sociedades foram substituídos pela repressão e submissão do povo controlado pela Igreja.



Agora podemos seguir a diante:


Conhecemos o Renascimento como um movimento que marcou o final da Idade Média e início da Idade Moderna, logo pensamos na transição do feudalismo para o capitalismo, que estendeu-se do início do século XV ao final do XVI, difundi-se da Itália para outros países da Europa. 
Adhemar de Marques diz que é importante analisar esse fato não só sob a perspectivadas transformações ecomômicas e políticas, deve-se considerar que a crise do século XIV manifestou-se também nos planos intelectual e cultural que se traduzia essencialmente no humanismo que aparecera com novos valores e novas atitudes. Ele ressalta ainda que o termo Renascimento muitas vezes é usado para caracterizar uma ruptura com o mundo medieval, porém o termo não é adequado ao se falar das transformações intelectuais que se operam no período, pois estas já vinham ocorrendo e sofrendo mutações desde os princípios do século XII quando os pensadores da época se preocupavam com termos como o individualismo e o racionalismo. O Renascimento refletiu uma nova visão de mundo, relacionada ao crescimento do comércio, da burguesia e relacionada também ao fortalecimento do sentimento nacional. Para Adhemar o movimento renascentista significou a retomada dos valores individuais que eram muito presentes na cultura grega e romana, valores estes que foram desvalorizados pela Igreja Católica durante toda a Idade Média.


Para Nicolau Sevcenko o período renascentista é de grande "inventidade técnica estimulada e estimuladora do desenvolvimento econômico". É o momento que surgem novas técnicas de exploração agrícola e mineral, de fundiação e metalurgia, de construção naval e navegação, de armamento e de guerras. Fala também da arte que para ele remetia o homem ao próprio homem e o induzia a uma identificação maior com seu meio urbano e natural, era uma arte que mantinha uma harmonia muito maior com o modo de vida implantado no Ocidente europeu como incremento das relações mercantis e o desenvolvimento das cidades.
para ela a cultura renascentista consagrou a vitória da razão abstrata, instância suprema de toda a cultura moderna pautada no rigor das matemáticas que passam a reger os sistemas de controle do tempo, do trabalho, do espaço e do domínio da natureza.